Estamos a falar de aborto, não de religiões, por favor meninos...
Olhem:
"O olhar ainda turva quando recorda as palavras da enfermeira que descobriu o segredo não revelado: “É mais fácil fazê-los do que matá-los.” Deitada numa cama de hospital a esvair-se em sangue, Elsa (nome fictício) pede ao tempo que ande mais depressa e a leve daquele calvário. Nunca se sentira tão humilhada, tão só, tão desprezada. Decidiu interromper a gravidez, às 12 semanas, e não está arrependida, mas jamais imaginara um aborto tão complicado. “Recorri à Women on Waves. O processo tradicional é muito caro e coloca sempre a questão do local. Fui ao ‘site’ da organização, preenchi um questionário e passada uma semana já tinha os medicamentos.” Pagou 70 euros pelos comprimidos: o Mifepristone (conhecido RU-486 ou Mifeprex) e o Misoprostol (mais conhecido por Cytotec). O primeiro pára a gravidez, o segundo expulsa o feto do corpo. Está indicado para problemas de estômago, mas tem efeitos abortivos quando tomado em determinadas doses.
O método revela-se eficaz, na maioria dos casos, mas provoca dores e geralmente dá hemorragia, obrigando a uma ida à urgência para estancar o sangue, para limpar. Um sacrifício que Elsa, 24 anos, aceitou e um risco que voltaria a correr. “Não era viável, como hoje não seria, levar a gravidez até ao fim. Estou a terminar o curso, o meu namorado está a estudar no estrangeiro.” Elsa deixou a enfermaria no dia seguinte ao internamento e jurou nunca mais pôr os pés naquele hospital. Abatida e com dores, passou um mês de cama aos cuidados da mãe. Regressou à vida normal em finais de Outubro passado. “Por questões de saúde não posso tomar a pílula, mas protegemo-nos sempre. Alguma coisa falhou com aquele preservativo.”
Maria (nome fictício) não usa preservativo nas suas relações sexuais nem qualquer outro tipo de anticoncepcional. Vive num bairro pobre do grande Porto, muito pobre, com problemas de toxicodependência, álcool, violência, subnutrição. Voltou a engravidar. Voltou a abortar. Também recorreu ao Cytotec e também foi parar ao hospital. Não se sabe quanto tempo de gestação tinha o feto, mas é seguro que não estava no início da gravidez. Fala-se em três meses, talvez mais. Maria esteve internada oito dias. Passou mal, chegou a temer-se o pior."
in [i:476b8]Correio da Mannhã[/i:476b8]
Para quem qiser, o artigo integral:
http://www.correiomanha.pt/noticia.asp? ... &id=227406
Dá que pensar, não é?