Primeiro estranha-se mas depois entranha-se. Pela primeira vez, Portugal acolheu também a classe reservada às senhoras, com quase 40 participantes. Aos 18 anos, Ashley Fiolek (Honda) foi uma das atracções. Senhora de uma beleza pueril, mantém-se fiel a um só objectivo: triunfar no mundo masculino do motocrosse. Foi mesmo a primeira rapariga dos EUA a chegar a uma equipa de fábrica, no caso a Red Bull Honda.
Entre salário e patrocinadores – um deles a empresa portuguesa Polisport -, admite que ganha muito dinheiro. “Ela diz que pode escrever que ronda o milhão de dólares”, diz o pai, Jim Fiolek. Tudo porque qualquer contacto com Ashley tem de passar pelo por este ex-piloto de motocrosse. “Ela sofre de surdez profunda e também não consegue falar”, explica Jim.
Nada que intimide a jovem americana, dona de uns expressivos olhos azuis. “Tenho consciência que muita da minha popularidade se deve ao facto de ser surda. As pessoas vêm ter comigo e dizem que admiram aquilo que eu faço”, explica. E foi para se dedicar às duas rodas que abdicou daquilo que poderia ser uma vida “normal”. “Poderia ter feito um implante coclear, que lhe permitiria ouvir. Mas teria de deixar de andar de moto e ela não quis. Foi uma opção dela”, explica Jim Fiolek. E também não pensa nisso para o futuro: “Estou bem assim”, garante Ashley, que se divide entre as pistas e as palestras e seminários em escolas e instituições de surdos. “Os surdos conseguem fazer o que quiserem”, garante."
