Combustíveis começam a descer para a semana
REIS PINTO
Os combustíveis em Portugal poderão sofrer, na próxima semana, descidas acentuadas, reflectindo o comportamento do crude. Admite-se que algumas gasolineiras possam baixar os preços até ao próximo domingo.
O presidente da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (APETRO), José Horta, justificou a descida desfasada no tempo (as cotações do crude nos mercados internacionais estão a descer, de uma forma sustentada, desde há mais de uma semana) com os mecanismos de formação dos preços.
"Só no final de cada semana as refinarias fazem a média das cotações e definem o preço do produto para a semana seguinte. E só então as petrolíferas o poderão reflectir no mercado. A partir talvez de terça-feira será expectável que haja novos ajustamentos nos preços dos combustíveis. E algumas empresas poderão mesmo antecipar essa descida para esta semana", afirmou, ontem, ao JN, José Horta.
O dirigente da APETRO destacou, no entanto, que o dólar também tem ganho terreno em relação ao euro, atenuando o impacto da descida da cotação do crude. José Horta considerou haver esperança de que os fundos de investimentos se vão retirar do mercado e "eles são responsáveis por 20 a 30 dólares no preço do crude. Cem dólares por barril será um preço razoável, mas já ficamos satisfeitos com 110/120 dólares", sublinhou.
Uma cotação que está longe de agradar a Augusto Cymbron, presidente da Associação Nacional dos Revendedores de Combustíveis (ANAREC), para quem "acima dos 70/80 dólares por barril é especulação". "As petrolíferas têm sempre desculpa pronta. Primeiro a culpa era do mercado de futuro, depois as cotações do crude só se reflectiam três meses depois, etc. Para vermos os preços a descer é preciso esperar uma semana, enquanto as subidas são quase automáticas. Mas creio estão reunidas as condições para se concretizarem descidas acentuadas nos combustíveis", afirmou Augusto Cymbron.
Para terminar com estes problemas e a eterna suspeita de cartelização dos preços por parte das petrolíferas, o presidente da ANAREC defendeu a regulamentação dos preços por parte do Governo e a descida imediata do Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP) para os valores praticados em Espanha. "O país está a perder centenas de milhões de euros em impostos, dada a quantidade de pessoas que já abastece em Espanha. Isto tem de acabar", concluiu o dirigente da ANAREC.
Fonte: Jornal de Notícias